terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sobre o filme



Estrelado por Lázaro Ramos, Wagner Moura (ambos de Cidade Baixa), Stênio Garcia (Carga Pesada) e grande elenco, "Ó Pai, Ó", de Monique Gardenberg (Benjamim). Filme inspirado numa peça teatral encenada pelo Bando de Teatro do Olodum nos anos 1990,"Ó Pai, Ó", traça um mosaico do melhor e do pior que a Bahia tem, por meio da representação de um dos espaços mais característicos de Salvador: o Pelourinho. A população negra que habitava o centro histórico do Pelourinho, em Salvador, foi virtualmente expulsa dali no início dos anos 90. Em seu lugar, entrou a imperiosa indústria cultural. Ó pai, ó, o filme, mostra criticamente, ainda que sem dispensar um humor contagiante, as conseqüências desse movimento na vida da Bahia, que avalia as vibrantes tradições culturais e a realidade cotidiana do povo.
O Filme O filme funciona como uma cartografia cômica e dramática, mapeando os lugares, seus usos e significados: o espaço público das ruas e largos do Pelourinho, o cais apontando para fora do país; os bairros de classe-média e os sonhos frustrados de ascenção social; o “mundo cartão-postal” do guia turístico, dos gringos, do prazer, da música, do carnaval; a espetacularização de tradições afro-baianas, como a capoeira, a baiana estilizada de porta de loja; os embates entre seguidores do candomblé e evangélicos, perante o distanciamento do catolicismo. Ó Pai, ó, como o título indica em “dialeto baiano” “olhe para isso, olhe”; volta as lentes para o espaço privado de um cortiço. Dali vão surgir personagens-ícones da indústria cultural na Bahia, como Biocentão (cover de Beyonce) e Roque (rapaz taletoso, vindo do interior), de aparências curiosas e sonhos delirantes de sucesso na mídia e pelo mundo. Ali estará Psilene, ex-baiana de acarajé, que saíra do país com um gringo. Vamos conhecer também Neusão da Rocha, sapatona “retada” que toca seu bar no centro do bairro do qual todos foram expulsos, contando para isso com a ajuda de sua sobrinha, Rosa, pura sensualidade no mote “sou de quem me quer”. Há ainda uma vidente jogadora de búzios, um travesti que se faz passar por mexicana para chamar a atenção...e Dona Joana, a impiedosa dona do cortiço, que perdeu tudo, mas achou a sua cruz e botou a vida nas mãos de Jesus. Com tantas referências e participações especiais (afinal, o baiano não nasce, estréia), Ó Paí, Ó não se perde na busca daquilo que se propõe: ser uma comédia de costumes. Comédia de costumes bem divertida. Do tipo que a gente quase se desacostumou a ver.

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